• ALZHEIMER: PESSOAS COM PERDA AUDITIVA ELEVADA ESTÃO MAIS VULNERÁVEIS À DEMÊNCIA E AO ALZHEIMER

    Falta de estímulo sonoro ao cérebro e isolamento social causado pela surdez podem contribuir para o desenvolvimento das doenças em pacientes de idade mais avançada

    A perda de audição não é só um limitador das relações humanas. A surdez em nível moderado ou grave torna a pessoa mais vulnerável ao desenvolvimento de demência e Alzheimer. Isso porque o resultado da perda auditiva é a falta de estímulo sonoro ao cérebro, o que afeta diretamente o desenvolvimento de funções cognitivas e da memória. 

    “Nós precisamos de estímulos sonoros, de plasticidade cerebral”, explica Marcia Bonetti, fonoaudióloga e responsável técnica da Audiba, empresa de aparelhos auditivos. “A falta de estímulo sonoro faz com que o córtex auditivo deixe de receber informações e de processar e decodificar essas informações. Com o tempo, ele vai esquecendo dos sons e de palavras, o que pode encaminhar o paciente ao Alzheimer ou à demência”, informa.

    Sem receber o estímulo de forma correta, com o tempo o cérebro começa a perder a capacidade de processar os sons. Assim, o córtex auditivo, responsável por processar as informações e entender os sons, fica debilitado.

    Contribui para esse quadro, explica Marcia, o fato de que pessoas com perda auditiva a partir de grau moderado encontram dificuldade para se comunicar, o que em muitos casos, dá origem à perda da vida social. “Assim, o aspecto comportamental para quem sofre com níveis mais elevados de perda auditiva contribui também para o surgimento de doenças ligadas ao declínio cognitivo”, acrescenta.

    Prevenção

    Por serem doenças degenerativas, é preciso atuar de modo preventivo. E a melhor prevenção, para quem já sofre com algum nível de perda de audição, é o uso de aparelhos auditivos e o acompanhamento anual, a partir da realização de exames, entre eles, a audiometria. Como em grande parte dos casos a perda auditiva é progressiva, é fundamental que aqueles que já percebem algum tipo de dificuldade em ouvir, mesmo na juventude ou início da vida adulta, realize exames e, se necessário, faça uso de aparelhos adequados. 

    “São doenças degenerativas, então não há recuperação do que já foi perdido. Mas com o uso de aparelhos auditivos, conseguimos gerar novamente estímulos na região do córtex cerebral. Damos ao cérebro condição de voltar a trabalhar”, detalha a fonoaudióloga.

    A estimativa atual é de que 50 milhões de pessoas sofram com algum tipo de demência. A Organização Mundial de Saúde (OMS) avalia que 70% dos casos de demência sejam causados pelo Alzheimer. Ainda de acordo com o órgão, no Brasil, o número de pacientes com demência deve triplicar até 2050.

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